Você quer muito trabalhar em um ambiente colaborativo? Ótimo: comece a refletir

Por Wilson Lima

Ao longo de anos trabalhando em RH, tive alguns superaprendizados. Um deles foi entrevistar centenas de pessoas em processos seletivos.

Embora as metodologias de entrevista estejam em constante evolução, boa parte delas têm aquelas repetitivas “perguntinhas padrão” que, por mais que incomodem candidatos e entrevistadores, se estiverem bem contextualizadas, certamente fazem sentido. Então, aí vai uma delas de dois jeitos diferentes:

  • Por que você pretende sair da sua empresa atual?
  • Por que você foi desligado da empresa na qual atuava?

Assim como as perguntas pouco inovadoras, as respostas tendem a seguir a mesma linha:

  • “Quero desenvolver novos projetos, mas não tenho espaço”;
  • “Meu gestor é (era) extremamente centralizador”;
  • “Me falta(va) autonomia”;
  • “A empresa é um pouco engessada. Implementar uma nova ideia é muito difícil”.

Imagine que, neste momento, o candidato ouve o seguinte comentário: “nossa empresa tem uma estrutura horizontal, as decisões são mais descentralizadas e o nosso ambiente é colaborativo.” O que, para muitos, parece ser um sonho prestes a se tornar realidade, para outros pode virar um pesadelo.

Boa parte das pessoas, ao buscar um ambiente colaborativo, deseja contribuir com ideias e participar de discussões com diversos departamentos, sem ficar rotuladas como intrometidas ou “aquelas que adoram dar palpite no trabalho dos outros, mas não fazem o próprio”. No entanto, esse tipo de espaço requer alguns comportamentos fundamentais que, por vezes, se comparados com a vida como ela realmente é, podem parecer contraditórios.

  • Quem, em qualquer empresa, independentemente da área de atuação, nunca viu algumas das situações a seguir:
  • Cadeiras etiquetadas com o nome dos seus “proprietários”. (“E ai de quem pegar a MINHA cadeira”);
  • Estações de trabalho povoadas de objetos pessoais, o que pode até criar um ambiente mais amigável, mas não deixa de ser uma forma de marcar território. Afinal de contas, os objetos estão em SUA MESA.
  • E quando o nosso colega de TI chega com um projeto para desenvolvimento de um sistema e a SUA planilha (normalmente salva na máquina) pode deixar de ser utilizada?
  • Há também o simpático comentário: “Fizemos nosso trabalho, mas o departamento X só faz c#g@da”.

Estes são pequenos exemplos, mas conforme a lista aumenta, as chances de estar no tão sonhado ambiente colaborativo começam a diminuir. Se você realmente deseja, além de atuar em um, também construí-lo, deve se despir de vaidades. A verdade é que o time aparece mais que o indivíduo.

Com certa liberdade em mãos, o “mimimi” pelos corredores dá lugar a feedbacks construtivos, pontuados por conversas profissionais, educadas e estruturadas. E como fazê-lo? O primeiro passo é colocar-se no lugar do outro. Antes de criticar, procure entender o contexto e, se fizer sentido, prossiga e também ouça. É fundamental tratar adultos, como adultos.

É importante lembrar que o ambiente colaborativo não garante que 100% das pessoas serão ouvidas o tempo todo e que todas as suas sugestões serão implementadas. Ele é um lugar no qual você sabe que tem voz e espaço, que será ouvido e não ridicularizado pelos seus colegas, mesmo que as suas sugestões não sejam levadas a diante.

O mais importante na construção de um ambiente colaborativo é TRABALHAR PARA A EQUIPE e não trabalhar EM equipe – há uma sutil diferença entre estes dois elementos. Quando você atua para a equipe e celebra os resultados do time como se fossem seus, a sensação é ótima, o ego e a vaidade excessiva desaparecem e o aprendizado é mútuo: os “muros” dos departamentos começam a cair e o seu senso de pertencimento aumenta.

Se sua empresa tem um ambiente colaborativo, aproveite e vá em frente! É uma oportunidade única de aprendizado. Mas se ela ainda não opera desta forma, sem problemas: comece a mudança já! Não pela empresa, mas por você. Assim, as chances de mudá-la serão bem maiores. E se não der certo, faz parte do jogo. No mínimo, seu maior ganho será ter se tornado um ser humano melhor. E aí, pensando na pergunta do título, você realmente quer trabalhar em um ambiente colaborativo?

Artigo publicado no Linkedin em 16 de setembro de 2016 por Wilson Lima | Head of HR at Youse Seguros

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